Fisiologia do Ciclo Menstrual da Mulher
O ciclo menstrual refere-se a um conjunto de alterações fisiológicas que
ocorrem no corpo da mulher com uma periodicidade mensal. Cada ciclo representa
uma oportunidade de concepção que, ocorrendo, dá origem a uma gravidez e, não
ocorrendo, desencadeia o início de um novo ciclo.
Cada ciclo tem início no primeiro dia da menstruação e termina na véspera
do primeiro dia de uma nova menstruação.
Em média, o ciclo dura 28 dias, mas pode ser mais curto ou mais longo sem qualquer prejuízo no seu correcto
funcionamento (25 a 36 dias).
O ciclo divide-se em 2 fases, separadas pelo momento de libertação do
óvulo:
- Fase folicular (desde o início do ciclo até à ovulação)
- Ovulação
- Fase lútea (desde a ovulação até ao final do ciclo)
Cada fase do ciclo envolve diferentes processos, geridos pelo sistema
endócrino, através da libertação de hormonas.
Fase Folicular
Folículos são pequenas estruturas/cavidades localizadas nos ovários,
contendo líquido e óvulos imaturos.
Nota - Uma vez formados – na 8ª semana de gestação - os ovários contêm um
número limitado de folículos. Começam por ser milhões mas vão diminuindo ao
longo da vida, restando ainda alguns milhares de folículos quando a mulher atinge
a menopausa.
Nesta fase, o hipotálamo liberta a hormona GnRH (hormona libertadora de
gonadotrofinas), que instrui a hipófise para a libertação de FSH (hormona
folículo-estimulante).
Esta hormona actuará nos ovários, estimulando o crescimento dos óvulos
contidos nos folículos, até ao estado maduro.
Aproximadamente 20 folículos respondem e iniciam o processo de crescimento.
Destes 20, o folículo que mais rapidamente chegue a um estado de maturação
vai libertar estrogénio.
Funções do estrogénio:
- Induzir a hipófise a reduzir a produção de FSH até à quantidade
suficiente ao desenvolvimento final do maior folículo (os demais cessam o seu
processo de maturação)
- espessar o endométrio (camada interna do útero) antes da ovulação,
preparando-o para receber e nutrir o embrião em caso de fertilização
- Provocar na hipófise a produção de um pico de LH (hormona luteinizante)
que estimulará o rompimento do folículo primário (o mais desenvolvido) e
consequente libertação de um óvulo maduro.
- Favorecer a formação de muco cervical.
Nota - O muco cervical facilita a passagem dos espermatozóides até ao
útero e trompas de Falópio, onde estes se poderão cruzar com o óvulo.
Protege-os da acidez do meio vaginal, sendo assim essencial à sua
sobrevivência.
Tem características específicas e diferenciadas face ao muco de outras
fases do ciclo. É transparente e elástico (frequentemente comparado à
consistência da clara do ovo) e surge entre 2 dias a uma semana antes da
ovulação.
Este prazo permite a chegada atempada do maior número possível de
espermatozoides às trompas de Falópio.
Nota - Os espermatozoide podem demorar entre 30 minutos a 24 horas na
jornada entre a vagina e as trompas de falópio e, apesar de poderem sobreviver
até 7 dias, apenas são viáveis por 48h a 72h.
Ovulação
A ovulação ocorre cerca de 24 a 48 horas após o pico de LH.
O óvulo libertado é transferido do ovário para a respectiva trompa de
Falópio e segue em direcção ao útero.
Nota - Se não ocorrer fertilização neste intervalo de tempo, o óvulo perde
a sua viabilidade - embora possa sobreviver até 72h.
Verifica-se uma ligeira subida da temperatura (até 0,5ºC) que se mantém
durante a segunda fase do ciclo, pela libertação de progesterona, para
facilitar a implantação e maturação de um possível óvulo fertilizado.
Nota - Os kits vendidos em farmácias que ajudam a detectar a ovulação
medem a concentração de LH presente na urina, identificando o momento que dá
início ao período potencialmente mais fértil.
Fase Lútea
Embora a duração da fase folicular possa variar entre mulheres, e por vezes
até na mesma mulher, a duração da fase lutea é geralmente de 12 a 16 dias para
todas as mulheres.
Nota - Factores como stress, cansaço, exercício físico, medicação, etc.
podem alterar o tempo de desenvolvimento do folículo, influenciando assim a
data da ovulação
As células do folículo que se rompeu continuam a receber LH, e o folículo
transforma-se no corpo lúteo que por sua vez continuará a produzir estrogénio e
uma grande quantidade de progesterona (a libertação de progesterona aumenta
gradualmente atingindo o pico a meio da fase lútea).
A progesterona leva à maturação do endométrio de forma a permitir a
implantação do óvulo fertilizado e leva a um aumento da temperatura basal que
se manterá durante toda a fase lútea (com o objectivo de garantir um ambiente
de incubação propício à nidação e desenvolvimento do feto).
O aumento da produção de Estrogénios e Progesterona (pelo corpo lúteo)
inibe a produção da GnRH, o que faz cessar a produção de FSH e LH (processo de
feed-back negativo).
Sem FSH e LH o corpo lúteo deixa de ser estimulado e regride, acabando por
degenerar-se, levando à cessação da produção de estrogénio e progesterona.
O endométrio desfaz-se, ocorre a menstruação, e dá-se o início de um novo
ciclo.
Caso haja fertilização, o corpo lúteo mantém-se activo, suportado por uma
nova hormona (HCG - gonadotropina cariónica humana) produzida pelo embrião e
continuará a produzir progesterona e estrogénio.
Mais tarde, durante a gravidez, será a própria placenta a fornecer estas
duas hormonas.
Em Medicina
Chinesa cada um das fases do ciclo é aproveitada de forma diferente afim de
tratar as diversas patologias.
Trabalho de Rita Machado Caetano adaptado por Joana Prata.
Trabalho de Rita Machado Caetano adaptado por Joana Prata.
No próximo
artigo aprenda sobre as disfunções no ciclo menstrual que podem levar à infertilidade.