Aleitamento materno
No
último ano tem-se discutido muito o aleitamento materno: a sua importância para
a criança, as vantagens para a criança e a mãe, a sua importância na criação do
vínculo criança/mãe e o respeito pela opção da mãe.
Em 1992 a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF) lançaram um programa mundial de promoção do
aleitamento materno intitulado Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés (IHAB),
internacionalmente conhecido como Baby Friendly Hospital
Initiative (BFHI).
Esta iniciativa foi decidida com base nos resultados da investigação científica
que aponta os benefícios do aleitamento materno para a saúde da criança e da
mãe e se dirige ao momento considerado mais crítico para o sucesso de uma boa amamentação -
o período de internamento por ocasião do parto.
Em 2002,
a OMS estabeleceu recomendações mundiais no sentido de os bebés serem
exclusivamente alimentados com leite materno durante os seis primeiros meses de
vida, podendo a amamentação prolongar-se como complemento até aos dois anos.
A situação portuguesa
Em Portugal, nos últimos anos, a tendência tem sido a de
incentivar o aleitamento materno exclusivo. O próprio Plano Nacional de Saúde
2004-2010 definia um período de duração do aleitamento materno como meta
prioritária.Também a Direcção-Geral da Saúde (DGS) refere que, “de acordo com
as estatísticas disponíveis, à data da alta hospitalar a larga maioria das
puérperas e seus recém-nascidos terão como plano alimentar esperado o
aleitamento materno exclusivo, o que permite falar numa taxa de 90 por cento de
iniciação”. No entanto, a DGS reconhece que “a elevada taxa de aleitamento
materno exclusivo à alta parece ter um acentuado declínio logo no primeiro mês
de vida para ser inferior a 50 por cento aos três/quatro meses”.
Apenas
20% das mães portuguesas amamentam os filhos até aos seis meses de vida das
crianças. As pressões familiares, dos próprios pediatras que introduzem o
conceito de leite fraco, e laborais afastam muitas mulheres do seu projecto de
dar de mamar e empurram-nas para o leite artificial.
Vantagens do Aleitamento Materno
O leite materno é um alimento vivo,
completo e natural, adequado para quase todos os recém-nascidos, salvo raras
excepções. Este adapta-se ao apetite e sede do bebé, e varia na composição e
quantidade ao longo da sua vida, ao longo do dia e ao longo da mesma mamada. O
leite materno previne infecções gastrintestinais,
respiratórias e urinárias, tem um efeito protector sobre as alergias, nomeadamente
as específicas para as proteínas do leite de vaca, e permite que os bebés
tenham uma melhor adaptação a outros alimentos.
No que diz respeito às vantagens para
a mãe, o aleitamento materno facilita uma involução uterina mais
precoce, e associa-se a uma menor probabilidade de ter cancro da mama, entre
outros.
Para além de todas estas vantagens, o
leite materno constitui o método mais barato e seguro de alimentar os bebés.
Como Funciona a Amamentação
Na aréola mamária encontram-se as
pequenas glândulas chamadas glândulas de Montgomery que segregam um fluido oleoso
para manter a pele saudável. Dentro da mama estão os alvéolos que são
pequeninos sacos feitos de células secretoras de leite. A prolactina faz com
que estas células produzam leite.
Em torno dos alvéolos há células
musculares, as células mioepiteliais, que se contraem e expulsam o leite para
fora dos alvéolos. A ocitocina provoca a contracção dessas células musculares. Pequenos
tubos, ou ductos, levam o leite dos alvéolos para o exterior. Sob a aréola, os ductos
tornam-se mais largos permitindo que ao sugar o bebé recolha o leite.
A gordura e o tecido de sustentação é
que dão a forma à mama e fazem a maior parte da diferença entre uma mama grande
e uma pequena. Tanto as mamas grandes como as pequenas contêm a mesma quantidade
de tecido glandular e podem produzir uma grande quantidade de leite.
Quando um bebé mama, impulsos
sensoriais vão do mamilo para o cérebro. Em resposta, a parte anterior da
hipófise na base do cérebro segrega prolactina. A prolactina vai através do
sangue para a mama, fazendo com que as células secretoras produzam leite. A
maior parte da prolactina está no sangue cerca de 30 minutos após a mamada – o
que faz com que a mama produza leite para a mamada seguinte. Para esta mamada,
o bebé toma o leite que já está na mama. Ou seja, quanto mais o bebé suga, mais
leite é produzido.
A ocitocina vai através do sangue
para a mama e produz a contracção das células musculares em torno dos alvéolos.
Isto faz com que o leite colectado nos alvéolos flua através dos ductos até ao
mamilo. Chama-se a isto reflexo da ocitocina ou reflexo de ejecção.
A ocitocina pode começar a actuar
antes que o bebé sugue, quando a mãe está preparada para amamentar. Se o
reflexo da ocitocina não funciona bem, o bebé pode ter dificuldade em receber
leite. Pode ter-se a impressão que as mamas deixaram de produzir leite, mas
não, este apenas não flui.
Como ajudar o reflexo da ocitocina:
Sentimentos agradáveis como sentir-se
contente com o seu bebé, ter prazer com o bebé, tocá-lo, olhar ou mesmo ouvir o
bebé chorar podem ajudar o reflexo da ocitocina. A confiança na sua capacidade
de amamentar e a convicção de que o seu leite é o melhor para o bebé também são
importantes para ajudar o leite a fluir.
O que pode dificultar ou bloquear o
reflexo da ocitocina:
Sentimentos desagradáveis como dor,
preocupação, dúvidas se a mãe tem leite suficiente e, de um modo geral, o stress
podem bloquear o reflexo e parar o fluxo de leite.
A Visão Chinesa do Aleitamento
O leite materno é visto na Medicina Tradicional
Chinesa (MTC) como uma extensão do Sangue. Há uma transformação do sangue
menstrual em leite assim que o bebé nasce, Sangue esse que alimentava a
placenta durante o desenvolvimento do bebé.
Para a formação de leite é necessário Qi e
Sangue. Após o parto, as perdas de sangue ou a tendência para anemia ao longo
da gravidez podem levar a uma deficiência de Sangue, tal como a exaustão e
falta de sono a uma deficiência de Qi, o que pode afectar a produção de leite.
Em MTC, as perturbações no aleitamento
materno inserem-se em duas categorias: pouca quantidade de leite ou baixo
fluxo. A mastite insere-se numa terceira categoria.
Quando Qi e sangue são deficientes, o plano
de tratamento pode incluir acupunctura, prescrição de ervas e alterações na
dieta. (A nutrição é uma componente muito importante do tratamento para a agalactia
ou aleitamento insuficiente).
Qualquer alimento que indicado para a produção
de sangue ajuda à formação de leite, por exemplo: carnes vermelhas, peixes,
ovos e sopas ricas em colagénio (feitos de pernil de porco ou frango com a pele
incluída no caldo).
É especialmente importante que a mãe coma
alimentos de origem biológica. Se for vegetariana, deverá ter uma dieta rica em
proteínas.
A estagnação nos seios ou em redor impede que
o leite que flua e prejudica a descida. Esta estagnação podem levar à plenitude
da mama, distensão, dor, pressão e ingurgitamento ou mastite.
Em MTC a principal causa deste bloqueio é emocional: sentimentos de estar stress, raiva, ressentimento, frustração e depressão podem causar estagnação da energia fígado.
Em MTC a principal causa deste bloqueio é emocional: sentimentos de estar stress, raiva, ressentimento, frustração e depressão podem causar estagnação da energia fígado.
Em MTC o canal do fígado controla a função do
mamilo da mulher e pode por isso facilitar ou bloquear o fluxo de energia (e leite)
nos canais de energia e ductos na mama.
A forma mais eficaz de tratar problemas na descida e fluxo de leite devidos a estagnação é com acupunctura, massagem terapêutica e afastamento das fontes de stress emocional.
Mastite
A mastite é uma combinação de estagnação de
energia, sangue e leite com infecção. A conjunção de medicina ocidental com MTC
é mais eficaz do que a medicina ocidental por si só no tratamento de mastite. Os
antibióticos prescritos pelo médico irão limpar a infecção, e uma combinação de
acupunctura, massagem, ervas e compressas medicinais para o peito movem a
energia, sangue e leite bloqueados na mama, reduzindo assim, o ingurgitamento,
inflamação e a dor.
Estas receitas à base de plantas podem ser combinados com segurança com antibióticos e são seguros para o bebé.
Estas receitas à base de plantas podem ser combinados com segurança com antibióticos e são seguros para o bebé.
Além dos tratamentos acima mencionados, extrair
o leite frequentemente é muito importante no sucesso do tratamento da mastite.
Fontes:
Manual do Aleitamento Materno, Comité Português para a UNICEF – Comissão Nacional , Iniciativa
Hospitais Amigos dos Bebés
Links
consultados:
Prevenção
e resolução de problemas na amamentação:
http://amamentar.medicineone.net/M%C3%A3esPais/Aspectospr%C3%A1ticosdoaleitamentomaterno/Preven%C3%A7%C3%A3oeresolu%C3%A7%C3%A3odeproblemascomuns/tabid/171/Default.aspx
http://amamentar.medicineone.net/M%C3%A3esPais/Aspectospr%C3%A1ticosdoaleitamentomaterno/Preven%C3%A7%C3%A3oeresolu%C3%A7%C3%A3odeproblemascomuns/tabid/171/Default.aspx
Artigo escrito por Sara Finote