FIV e MTC
A reprodução é uma função biológica que permite a propagação da espécie.
Apesar de ser algo natural, por vezes o Ser Humano depara-se com dificuldades
neste campo.
Antes de enveredar pela via da FIV (Fertilização in Vitro), é importante
preparar o corpo e a mente de forma a alcançar um estado de saúde o mais pleno
e saudável possível.
Quando não há este equilíbrio, os procedimentos associados à FIV poderão ser demasiado fortes
e invasivos, desequilibrando ainda mais a frágil estrutura do corpo e conduzindo
a fracos resultados.
Por outro lado, ainda que a desejada gravidez tenha sido conseguida, é
ainda necessário lidar com todo o desgaste e demanda energética que tal
processo acarreta.
Observa-se que um número cada vez maior de pessoas está a utilizar as técnicas de
reprodução assistidas combinadas com a MTC.
A MTC é uma ferramenta importante nesta fase para aumentar
as hipóteses de engravidar, respondendo à necessidade de o corpo estar
suficientemente forte e equilibrado antes de se enveredar por métodos de
reprodução assistida.
Fertilização in vitro (FIV)
A fertilização in vitro é um procedimento onde os óvulos são retirados da
mulher, após estimulação ovárica e colocados para fecundar juntamente com os espermatozoides
do parceiro num disco de Petri.
Após a fecundação, os embriões assim formados são mantidos numa estufa até
que cheguem ao número ideal de células para que possam ser colocados então
dentro do útero da mulher.
Geralmente são transferidos um ou dois embriões para o útero e os restantes
são congelados para transferência em futuros ciclos.
Esta técnica está indicada em casos de obstrução das trompas, factores
cervicais anormais, endometriose moderada ou severa, número de
espermatozoides baixo, factores imunológicos, infertilidade sem causa aparente,
infertilidade após cirurgia tubárica ou após tratamentos de endometriose.
Pode também ser utilizada em casos de mulheres que não estão a conseguir
engravidar após o uso de técnicas mais simples de reprodução.
As etapas da FIV
Regulação hormonal
Esta etapa ocorre antes de se começar o ciclo da FIV. Aqui são dados
agonistas ou antagonistas das hormonas de libertação das Gonadotrofinas (GnRH)
a fim de prevenir a acção da pituitária de interferir com o efeito dos fármacos
que irão estimular a ovulação.
Estimulação da ovulação
Assim que a menstruação ocorre, são administrados fármacos para estimular
os folículos a crescer.
Monitorização da fase folicular
O progresso desta etapa é monitorizado através de testes sanguíneos e testes
de ultrasom que medem que medem os níveis de estrogénio e o tamanho dos folículos.
Cerca de 34-36 horas antes da recolha dos óvulos é administrada uma
injecção de hCG para que os óvulos imaturos se tornem maduros.
Recuperação de oócitos
O método mais utilizado hoje em dia é a aspiração transvaginal, em que
uma agulha fina e longa conectada a uma bomba de sucção é introduzida na vagina
até ao ovário, esvaziando os folículos.
Componente laboratorial
Depois de recolhidos os oócitos, o fluido é observado microscopicamente por
um embriologista a fim de identificar e isolar os complexos dos óvulos que irão ser colocados num meio propício à sua maturação, primeiro num disco
de Petri e depois num incubador, por cerca de 3 a 6 horas antes de serem
expostos ao contacto com o esperma.
Para o esperma, poderão ser usadas várias formas de preparação, desde
simples lavagem e centrifugação a técnicas mais complicadas que separam
apenas a componente do esperma com mobilidade.
Crescimento do embrião num meio de cultura
Uma vez que o oóccito tenha sido fertilizado pelo esperma ele é observado
cerca de 15-18 horas depois e transferido do meio de incubação para um meio de
crescimento com cerca do dobro da quantidade de proteína. Seguidamente o embrião
é transferido de novo para o meio de incubação e aí permanecerá até ser
implantado no útero, normalmente cerca de 48-72horas.
Transferência do embrião
Nesta fase os embriões selecionados para implantação no útero são colocados
num cateter de plástico fino que é introduzido na cavidade uterina, onde são descarregados.
Geralmente são transferidos cerca de 2-3 embriões no primeiro ciclo de
tratamento em mulheres na idade dos 35 anos e cerca de 3-4 nas mulheres entre
os 35-40 anos, de modo a maximizar as hipóteses de sucesso e minimizando os
riscos de gravidez múltipla.
Os restantes embriões que não são transferidos podem ser congelados em
nitrogénio líquido para serem usados mais tarde se a implantação ou gravidez
não ocorrer.
Monitorização da fase lútea
Depois da ovulação há que manter o corpo lúteo a produzir progesterona.
Para isso, são administradas injecções de hCG para estimular a produção de
progesterona ou mesmo suplementos desta hormona, sob a forma de injecções,
comprimidos ou supositórios.
O sucesso desta fase depende muito do estado da parede uterina e da força
do próprio embrião.
Normalmente realiza-se um teste de gravidez cerca de 12-14 dias após a
recuperação dos oócitos e, se os resultados forem positivos, os níveis de
progesterona serão monitorizados e o teste de gravidez é repetido de forma a
medir a evolução da hCG.
O papel da MTC nas várias fases do processo da FIV
As direções terapêuticas do tratamento de MTC nas várias fases da FIV
variam de paciente para paciente, já que dependem sempre do quadro clínico de
cada paciente no momento.
Assim, nem a acupunctura nem a fitoterapia podem ser uniformizadas e têm
adaptados a cada caso.
1 - Período prévio à FIV
Aproximadamente 3 meses antes dos intervenientes se submeterem à FIV, é
desejável que iniciem os tratamentos de acupunctura e fitoterapia, a fim de
aumentar a probabilidade de sucesso da técnica.
Objectivos para a mulher:
Melhoria da função ovárica e da irrigação uterina:
Promover o desenvolvimento de óvulos mais fortes e resistentes bem como de
embriões saudáveis.
Regular os níveis hormonais.
Fortalecimento do sistema imunitário e redução do stress:
Fortalecer o sistema imunitário e reduzir contracções, prevenindo abortos espontâneos.
Reduzir os efeitos secundários da medicação associada à FIV, minimizar o stress decorrente de todo o processo.
Reduzir os efeitos secundários da medicação associada à FIV, minimizar o stress decorrente de todo o processo.
Dieta e estilo de vida:
Na MTC estes dois componentes são vistos como fundamentais na melhoria e
manutenção da saúde.
As sugestões dietéticas podem incluir a redução de bebidas frias e comida
crua, bem como limitar a ingestão de gelados, chocolate ou café, álcool e açúcares
refinados. É desejável, por exemplo, dar preferência a sopas de galinha, feijões e
vegetais que ajudem a nutrir o útero.
O exercício suave é outro componente muito importante que ajuda a aliviar o
stress e a manter o corpo saudável, desta forma aumentando as hipóteses de
alcançar uma gravidez.
Alguns exercícios recomendados pela MTC são o Tai Chi, Gigong e
as práticas de meditação.
Objectivos para o Homem:
Aumentar a quantidade e qualidade do esperma, deste
modo assegurando a produção de embriões viáveis e saudáveis e uma
implantação efectiva.
2 - Período durante a FIV
Este é o período mais importante em que ambas as medicinas ocidental e
chinesa podem atuar em conjunto contribuindo para níveis de sucesso mais
elevados.
Regulação hormonal
Permitir o descanso dos ovários a
fim de posteriormente estes se tornarem mais responsivos ao tratamento
hormonal.
Em termos de MTC poderá ser utilizada a acupunctura e a fitoterapia com o objectivo de:
Rectificar e mobilizar o qi do fígado;
Estimular a circulação sanguínea e fortificar o baço;
Acalmar e relaxar a mente.
Estimulação dos ovários
A MTC pode contribuir neste período melhorando a
quantidade e qualidade dos óvulos produzidos durante o crescimento folicular.
Deste modo ela pode actuar:
Suplementando os rins e fortalecendo o Baço;
Nutrindo o sangue e acalmando a mente;
Diminuindo os efeitos secundários das medicações de indução hormonal.
3 - Transferência do embrião
A MTC pode ajudar facilitando a dilatação cervical e
relaxando o útero.
A MTC pode actuar:
Suavizando o qi do fígado e nutrindo o sangue do coração
de forma a acalmar a mente;
Fortificando o baço e tonificando o qi.
3 - Monitorização da fase lútea
Melhorar a
irrigação do útero, contribuindo assim para a nidação e promovendo o
crescimento do embrião.
Nesta fase é sobretudo importante reforçar o rim, base da essência.
4 - Período após a FIV – prevenção do
aborto
Consolidar a gravidez.
A combinação das tecnologias modernas de reprodução com o conhecimento da Medicina Tradicional Chinesa pode ser uma grande mais valia para os problemas cada vez mais frequentes de infertilidade.
Contacte a clínica da ESMTC para marcações ou para mais informações.
Re-edição por
Joana Prata, com base no artigo: