Mutilação Genital Feminina
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Somos o único ser vivo que tem um órgão que serve única e simplesmente para dar prazer, o clitóris
História
A mutilação genital feminina (MGF), também conhecida por circuncisão feminina, é uma prática que consiste na remoção ritualista de parte ou de todos os órgãos sexuais externos femininos.
Geralmente executada por um circuncisador tradicional fazendo uso de uma lâmina de corte, com ou sem anestesia.
Não há um registro claro de quando é que esta prática teve início, mas sabe-se que é milenar e crê-se que teve origem no Egito, como atesta o seu nome popular no Sudão “Circuncisão faraónica”. Outros afirmam que se originou na Eritreia pré-monoteísta e se espalhando posteriormente pela Somália, Sudão, Egito e demais países da África.
Embora esteja muito associada ao Islão, ela é anterior à religião muçulmana. É mais antiga que o surgimento do Judaísmo, Cristianismo e Islão e é provavelmente tão velho quanto as pirâmides do Egito. Atinge indiscriminadamente a população feminina dos países onde se encontra, independente de religião: tanto cristãs, quanto animistas e muçulmanas são vítimas desta prática.
A MGF concentra-se em 27 países africanos, Indonésia, Iémen e no Curdistão iraquiano, sendo também praticada em vários outros locais na Ásia, no Médio Oriente e em comunidades expatriadas em todo o mundo. Mais de metade dos casos documentados pela UNICEF concentram-se em apenas 3 países (Indonésia, Egipto e Etiópia).
Em Portugal e segundo noticia do o Jornal Expresso de 06/02/2018, quase 240 casos de mutilação genital feminina foram detetados em Portugal entre 2014 e 2017, citando a secretária de Estado da Igualdade
A idade em que é realizada varia entre alguns dias após o nascimento e a puberdade. Em metade dos países com dados disponíveis, a maior parte das jovens é mutilada antes dos cinco anos de idade.
História
A mutilação genital feminina (MGF), também conhecida por circuncisão feminina, é uma prática que consiste na remoção ritualista de parte ou de todos os órgãos sexuais externos femininos.
Geralmente executada por um circuncisador tradicional fazendo uso de uma lâmina de corte, com ou sem anestesia.
Não há um registro claro de quando é que esta prática teve início, mas sabe-se que é milenar e crê-se que teve origem no Egito, como atesta o seu nome popular no Sudão “Circuncisão faraónica”. Outros afirmam que se originou na Eritreia pré-monoteísta e se espalhando posteriormente pela Somália, Sudão, Egito e demais países da África.
Embora esteja muito associada ao Islão, ela é anterior à religião muçulmana. É mais antiga que o surgimento do Judaísmo, Cristianismo e Islão e é provavelmente tão velho quanto as pirâmides do Egito. Atinge indiscriminadamente a população feminina dos países onde se encontra, independente de religião: tanto cristãs, quanto animistas e muçulmanas são vítimas desta prática.
A MGF concentra-se em 27 países africanos, Indonésia, Iémen e no Curdistão iraquiano, sendo também praticada em vários outros locais na Ásia, no Médio Oriente e em comunidades expatriadas em todo o mundo. Mais de metade dos casos documentados pela UNICEF concentram-se em apenas 3 países (Indonésia, Egipto e Etiópia).
Em Portugal e segundo noticia do o Jornal Expresso de 06/02/2018, quase 240 casos de mutilação genital feminina foram detetados em Portugal entre 2014 e 2017, citando a secretária de Estado da Igualdade
A idade em que é realizada varia entre alguns dias após o nascimento e a puberdade. Em metade dos países com dados disponíveis, a maior parte das jovens é mutilada antes dos cinco anos de idade.
Os vários tipos de Mutilação
A Organização Mundial de Saúde classificou a MGF em quatro tipos distintosː
Tipo I - Remoção parcial ou total do clitóris e/ou do prepúcio.
Tipo II - O clítoris é amputado e os lábios menores são removidos total ou parcialmente, com ou sem excisão dos lábios maiores.
Tipo III - Infibulação ou excisão faraónica. A infibulação é considerada a pior das formas de MGF, pois, após a amputação do clitóris e dos pequenos lábios, os grandes lábios são seccionados, aproximados e suturados, sendo deixada uma minúscula abertura necessária à passagem da urina e da menstruação. Esse orifício é mantido aberto por um filete de madeira. As pernas devem ficar amarradas durante 2 ou 6 semanas. Assim, a vulva desaparece sendo substituída por uma dura cicatriz. Por ocasião do casamento a mulher será “aberta” pelo marido (usando por vezes uma faca) ou por uma “matrona”, mulheres mais experientes no assunto. Mais tarde, quando se tem o primeiro filho, essa abertura é aumentada. Algumas vezes, após cada parto, a mulher é novamente infibulada.
Tipo IV - Todos os outros procedimentos nocivos para a genitália feminina, com fins não-médicos, por exemplo: picadas, piercing, incisão, raspagem e cauterização.
Consequências para a saúde
A curto e longo prazo
A Organização Mundial de Saúde classificou a MGF em quatro tipos distintosː
Tipo I - Remoção parcial ou total do clitóris e/ou do prepúcio.
Tipo II - O clítoris é amputado e os lábios menores são removidos total ou parcialmente, com ou sem excisão dos lábios maiores.
Tipo III - Infibulação ou excisão faraónica. A infibulação é considerada a pior das formas de MGF, pois, após a amputação do clitóris e dos pequenos lábios, os grandes lábios são seccionados, aproximados e suturados, sendo deixada uma minúscula abertura necessária à passagem da urina e da menstruação. Esse orifício é mantido aberto por um filete de madeira. As pernas devem ficar amarradas durante 2 ou 6 semanas. Assim, a vulva desaparece sendo substituída por uma dura cicatriz. Por ocasião do casamento a mulher será “aberta” pelo marido (usando por vezes uma faca) ou por uma “matrona”, mulheres mais experientes no assunto. Mais tarde, quando se tem o primeiro filho, essa abertura é aumentada. Algumas vezes, após cada parto, a mulher é novamente infibulada.
Tipo IV - Todos os outros procedimentos nocivos para a genitália feminina, com fins não-médicos, por exemplo: picadas, piercing, incisão, raspagem e cauterização.
Consequências para a saúde
A curto e longo prazo
A MGF prejudica a saúde física e emocional das mulheres ao longo de suas vidas. A MGF não tem benefícios conhecidos para a saúde.
As complicações a curto ou longo prazo dependem do tipo de MGF, se os praticantes tiveram treinamento médico e se usaram antibióticos e instrumentos cirúrgicos esterilizados ou de uso único. No caso do Tipo III, outros fatores incluem o quão pequeno o furo foi deixado para a passagem de urina e sangue menstrual, se fio cirúrgico foi usado em vez de agave ou espinhos de acácia e se o procedimento foi realizado mais de uma vez.
Complicações a curto e longo prazos
Incluem: inchaço, hemorragia excessiva, dor, retenção de urina e problemas de cicatrização e/ou infeção da ferida.
Uma revisão sistemática em 2015 de 56 estudos que registraram complicações imediatas sugeriu que cada uma delas ocorreu em mais de uma em cada dez meninas e mulheres submetidas a qualquer forma de MGF, incluindo o corte simbólico do clitóris (Tipo IV), embora os riscos aumentassem com o Tipo III. A revisão também sugeriu que havia uma escassez de relatos.
Outras complicações a curto prazo incluem hemorragia fatal, anemia, infeção urinária, septicemia, tétano, gangrena, fasciíte necrosante e endometrite. Não se sabe ao certo quantas mulheres morrem como resultado da prática, porque as complicações podem não ser reconhecidas ou relatadas. O uso de instrumentos compartilhados por parte dos praticantes pode ajudar na transmissão da hepatite B, hepatite C e HIV.
As complicações a longo prazo variam de acordo com o tipo de MGF. Incluem a formação de cicatrizes e queloides que levam a restrições e obstrução, quistos epidermoides que podem infetar e formar neuroma envolvendo os nervos que terminavam no clitóris.
Gravidez e Parto
A MGF pode colocar as mulheres em maior risco de problemas durante a gravidez e o parto, que são mais comuns com os procedimentos mais amplos de MGF.
As mulheres infibuladas podem tentar tornar o parto mais fácil comendo menos durante a gravidez para reduzir o tamanho do bebê. A avaliação cervical durante o trabalho de parto pode ser impedida e o trabalho prolongado ou obstruído. A laceração de terceiro grau (rasgos), o dano dos esfíncteres e a cesariana de emergência são mais comuns em mulheres infibuladas.
A mortalidade neonatal é aumentada. A OMS estimou, em 2006, que um número adicional de 10 a 20 bebês morrem por cada 1.000 partos, como resultado da MGF. A estimativa foi baseada num estudo de 28.393 mulheres atendidas em 28 centros obstétricos em Burkina Faso, Gana, Quênia, Nigéria, Senegal e Sudão. Nessas condições, verificou-se que todos os tipos de MGF aumentavam o risco de morte para o bebê: 15% mais para o Tipo I, 32% para o Tipo II e 55% para o Tipo III. Os motivos para isso não foram claros, mas podem estar relacionados com as infeções do trato urinário e genital e à presença de tecido cicatricial. Os pesquisadores foram de opinião que a MGF estava associada a um risco aumentado, para a mãe, de danos no períneo e perda de sangue excessiva, bem como a necessidade de reanimar o bebê, e o nascimento de nado-morto, talvez por causa de um demasiado longo trabalho de parto.
-- Não são conhecidos quaisquer benefícios médicos da MGF --
Efeitos psicológicos e sobre a função sexual
Há pouca informação de boa qualidade disponível sobre os efeitos psicológicos da MGF. Vários estudos concluíram que as mulheres com MGF sofrem de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Sentimentos de humilhação, impotência, vergonha e traição familiar podem desenvolver-se quando essas mulheres deixam a cultura que pratica a MGF e descobrem que a sua condição não é a norma; porém, dentro da cultura que a pratica, poderão vê-la com orgulho, porque para si significa beleza, respeito pela tradição, religião, castidade e higiene.
Sobre a legalidade da prática
A mutilação genital feminina tem vindo a ser ilegalizada ou restringida em grande parte dos países onde é comum, embora haja grandes dificuldades em fazer cumprir a lei. Desde a década de 1970 que existem esforços internacionais para promover a rejeição desta prática. Em 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu a mutilação genital feminina enquanto violação de direitos humanos e votou de forma unânime no sentido de intensificar estes esforços. No entanto, existem algumas críticas, especialmente por parte de antropólogos.
Segundo noticia do jornal expresso de 06/02/2018. A secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, num encontro na Associação Corações com Coroa (CCC), disse estimar-se que, até 2030, 54 milhões de raparigas e mulheres possam vir a ser excisadas. "é uma ameaça" que também aumenta com a intensificação dos fluxos migratórios: "Isto traz às nossas sociedades realidades com as quais temos de saber trabalhar. Temos de capacitar os profissionais de saúde, os magistrados, os profissionais de justiça, mas também quem trabalha nas escolas para que aprendam a despistar, a apoiar, a encaminhar e a capacitar estas meninas e mulheres", defendeu.
Para Rosa Monteiro, o "grande obstáculo" à denúncia é o "pacto de silêncio entre as mulheres", que "vem de gerações, das avós, das mães e das próprias meninas e raparigas que foram vítimas em Portugal ou quando vão de férias ao seu país de origem".
Medicina Tradicional Chinesa
Em MTC a genitália externa na mulher esta ligada ao órgão Rim. A parte externa do clitóris está ligada à glândula pineal e a extensão ou braço do clitóris esta ligado à glândula adernal e timo.
Quando há excisão do clitóris e tecido adjacente, danificamos diretamente o Rim, assim como a pineal, pituitária e timo. Sendo o Rim um órgão ligado aos ossos, dentes, audição, útero, ovários, medula e cérebro; a retirada de uma parte relacionada com o Rim pode afetar diretamente uma destas partes.
A Pineal esta ligada ao ritmo circadiano e controla o nosso desenvolvimento sexual. O timo por seu lado está ligado à imunidade e relação com exterior entre outros.
Em termos emocionais, o Rim está diretamente ligado ao medo mas também á perseverança. É de esperar que o corte do clitóris possa fazer com a mulher desenvolva mais medos, insegurança, depressão e falta de força para viver.
Conclusão: nem sempre as práticas ancestrais são benéficas e este é sem dúvida um bom exemplo. Para alem de barbara, ilógica e imoral esta prática traz bastantes malefícios à saúde.
Como em quase todas as situações em que o senso comum se torna inimigo do bom senso, é imperativo denunciar, informar e educar para que as novas gerações não venham a passar por esta barbaridade. Para que a mulher possa viver a sua sexualidade de forma plena e com o prazer que lhe é devido.
Luz ao fundo do túnel
A MGF pode, até certo ponto, ser revertida. É isso que faz o médico francês, Pierre Foldés, pioneiro neste tipo de intervenções, que juntamente com o urologista Jean-Antoine Robein, iniciou em 2002 cirurgias reparadoras do clitóris. Em 2012, afirmou que durante 11 anos, a sua equipa tinha operado à volta de 3000 mulheres. Foldés compara o trauma causado pela MGF a uma violação.
Cerca de 866 pacientes (29%) foram seguidas após um ano de cirurgia. Destas, 821 relataram ter uma melhora ou, pelo menos, não agravamento da dor; 815 disseram que experimentaram prazer no clitóris e 431 alegaram ter orgasmos. Em França desde 2004, a operação é assumida pela Segurança Social, entendendo ser não uma operação de cirurgia estética, mas de cirurgia funcional.
Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mutila%C3%A7%C3%A3o_genital_feminina
http://expresso.sapo.pt/sociedade/2018-02-06-Os-numeros-dramaticos-da-mutilacao-genital-feminina-em-Portugal#gs.iFYugyc
http://islamicchat.net/fgm.html
Imagens:
Mantak Chia Sexual Reflexology
Campanha Contra a Mutilação Genital Feminina
Artigo escrito e traduzido por Paula Madeira, editado por Jorge Ribeiro