A MINHA PRIMEIRA MENSTRUAÇÃO, E AGORA?



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A primeira menstruação da vida de uma mulher tem o nome de Menarca, que ocorre habitualmente entre os 10 e 16 anos, marcando o início do ciclo menstrual. A idade do aparecimento da menarca poderá ser influenciada por fatores socioeconómicos, étnicos, atividade física, estado nutricional, clima e genéticos.

É comum, a menarca ser tardia em meninas cujas mães menstruaram igualmente mais tarde ou meninas com Índice de Massa Gorda (I.M.C.), terem a menarca em idades mais precoces. 

É considerada como uma das manifestações da puberdade, precedida cerca de dois anos antes por alterações fisiológicas e anatómicas, nomeadamente uma fase de aceleração do crescimento, desenvolvimento dos mamilos e broto mamário, aparecimento e crescimento de pelos púbicos, alterações da bacia e aparecimento de secreções vaginais benignas e sem indicações clínicas relevantes. 

Esta é uma altura onde ocorrem grandes alterações físicas, emocionais e psicológicas, tornando-se importante a consciência e aceitação destas alterações corporais mantendo uma saudável relação mente-corpo. Todas estas alterações são assinaladas por influência hormonal e a menarca não é exceção. São um marco que indica o início da produção hormonal ao nível dos ovários e ponto de partida para a vida fértil da mulher. 




A menarca, pode na realidade não estar necessariamente associada a uma ovulação, mas a tendência é que após este episódio, todas as menstruações seguintes ocorram devido ao processo de ovulação e produção hormonal. É comum que nos primeiros anos, os ciclos menstruais sejam irregulares devido à imaturidade do sistema reprodutor, mas que se tornem progressivamente regulares ao longo da adolescência.

Na visão da Medicina Tradicional Chinesa, um ciclo menstrual regular tem a duração de 26-32 dias e a menstruação dura cerca de 4-6 dias, marcada por um fluxo vermelho escuro, sem coágulos e de consistência uniforme. A cada sangramento corresponde o início a um novo ciclo, e este divide-se em 4 fases:

A Fase Menstrual, com duração de cerca de 5 dias e que depende diretamente do movimento do Sangue e do livre fluir do Qi. Nesta fase ocorre a quebra de progesterona e escamação do endométrio.

A Fase Pós-Menstrual, com duração de cerca de 7 dias e na qual os meridianos Chong Mai e Ren Mai e as essências Yin e Sangue estão em vazio. Na Medicina Ocidental (M.O.), corresponde à Fase Folicular.

A Fase Meio Ciclo, com duração de cerca de 7 dias, os meridianos Chong Mai e Ren Mai começam a encher-se de Sangue e Yin. Na M.O. corresponde à Fase de Ovulação onde o óvulo é libertado, a Hormona Luteinizante (L.H.) aumenta e o corpo lúteo desenvolve-se.

A Fase Pré-Menstrual, com duração de cerca de 7 dias, onde o Yang Qi aumenta e o Qi do Fígado movimenta-se. Na M.O. corresponde à Fase Luteínica onde o corpo lúteo cresce e segrega progesterona.


Com a chegada deste novo capítulo, muitas dúvidas começam naturalmente a surgir e como tal é uma excelente oportunidade para os pais conversarem com as suas filhas e explicarem que todo este processo é normal e de celebrarem esta fase de crescimento e desenvolvimento, eliminado os inúmeros tabus que cercam a menarca. Esta não deverá ser vista como um problema ou como um fator limitativo para nenhuma das atividades do dia-a-dia, mas sim como algo fisiológico e natural que tem a sua beleza intrínseca. 

A par e passo, assaltam igualmente dúvidas sobre a contraceção, com a chegada do começo da idade reprodutiva, onde se torna importante consultar um médico ginecologista.

Na Medicina Ocidental, a maioria dos médicos prescrevem uma pílula de forma a regular os ciclos menstruais e tratar dos sintomas associados ao ciclo menstrual e à alteração hormonal. Por vezes, esta é a solução mais adequada, mas nem sempre! Todas as pílulas têm inúmeras consequências negativas a longo prazo ao nível da função tiroideia, produção de cortisol, menopausa precoce, redução da libido, aumento do LDL (mau colesterol) e aumento tensão arterial, para além, de todos os efeitos secundários descritos na bula de cada pílula. 




A Medicina Tradicional Chinesa (MTC), em paralelo ao médico ginecologista poderá ajudar na compreensão de toda esta nova etapa, no apoio emocional, na escolha de dietética adequada, no controlo de dismenorreia (dor menstrual), na regularização dos ciclos e na eliminação da acne, entre outros, assegurando o conceito de saúde como, “o estado de completo bem-estar físico, mental e social” (Organização Mundial de Saúde).

A premissa de que para diferentes pacientes existem necessidades diferentes e a aposta na importância de uma estratégia de prevenção e não de reação, pautam as consultas de MTC. Através da construção da anamnese e da sua interpretação, o especialista em MTC, consegue identificar corretamente a síndrome e o padrão na origem do desconforto apresentado, assim como, definir as estratégias e métodos de tratamento. 

Numa primeira abordagem, é importante que sejam esclarecidas todas as dúvidas em relação ao ciclo menstrual, doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos e numa fase posterior, será definido e aplicado em clínica um protocolo de acupuntura e de massagem TuiNa, assim como, a prescrição de terapêutica diária, baseada em fórmulas de Medicina Oriental ou plantas de Medicina Ocidental e/ou de exercícios de Qi Gong. 

Deverá ser avaliado o estilo de vida da paciente jovem-mulher, ao nível da prática de desporto e de hábitos de vida e analisada a dieta da paciente jovem mulher, e recorrendo ao conhecimento milenar de dietética, o especialista em MTC fará recomendações para a melhorar, garantindo “que o teu alimento seja o teu medicamento” (Hipócrates).


Trabalho Realizado por Sónia Vitorino , editado e traduzido por Paula Madeira e publicado por Catarina Simões.





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