Hiperplasia benigna da próstata
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Medicina Ocidental
Adenoma prostático, hiperplasia prostática ou ‐ termo cientificamente mais correto ‐ hiperplasia benigna (HBP) são termos análogos que significam simplesmente "engrossamento" da próstata (das dimensões originais de uma pequena ameixa, pode atingir o tamanho de uma laranja grande).
Embora
ainda não estejam bem definidos os
mecanismos e as causas da HPB, o certo é que, com o passar da idade, especialmente depois dos quarenta anos,
verifica‐se um novo arranjo na produção de hormonas masculinas. Isto é natural,
fisiológico. De facto, habitualmente quando o médico diz: "hiperplasia prostática",
acrescenta o termo "benigna" e subentende‐ se que não há aí qualquer relação entre a hiperplasia e o cancro
da próstata
É interessante que a composição da próstata inclui grandes quantidades de tecido glandular e principalmente o que se chama "estroma" (trama tecidual), entremeado de tecido muscular liso.
Normal ‐ 2:1 |
Esta relação
mostra que há duas vezes
mais tecido muscular do que
tecido glandular na próstata |
HBP – 5:1 |
Em homens com HBP passa a haver cinco vezes mais
tecido muscular do que glandular na próstata |
Esta informação é necessária diante do facto de que esse tecido muscular se contrai por acção de uma hormona
(noradrenalina), agravando o efeito compressor da próstata sobre
a uretra.
Deste modo, quando se bloqueia a actividade da
noradrenalina, pode‐ se obter alívio dos sintomas urinários
associados ao crescimento anormal da próstata.
Nota: A presença de HPB não significa que o paciente
desenvolverá cancro de próstata no futuro.
De acordo com pesquisas feitas na região central da Escócia, a prevalência da HPB na população masculina é a seguinte:
Taxa de HBP |
|
40‐49 anos |
14% |
50‐59 anos |
24% |
69‐69 anos |
43% |
70‐79 anos |
40% |
Sintomas:
É interessante notar que nem sempre o volume da próstata corresponde à gravidade dos sintomas. Há
pacientes com próstatas pouco
aumentadas, mas com sintomatologia acentuada e vice‐versa. Daí a importância do exame urológico
bem‐feito, incluindo sempre toque rectal.
Sintomas urinários |
|
Obstrutivos |
Irritativos |
Polaquiúria |
Hesitação |
Disúria |
Gotejo pós‐miccional |
Noctúria |
Diminuição do calibre e força do jacto |
Imperiosidade |
Interrupção do jacto
urinário |
Incontinência de urgência |
Sensação de esvaziamento imcompleto |
Dor supra‐púbica |
Factores de risco:
·
Idade (mais
de 50 anos);
·
Presença de níveis elevados
de andrógenos (testosterona/diidrotestosterona);
·
Hereditariedade.
Medidas Diagnósticas
Obrigatórias:
· História clínica; Interrogatório sobre sintomas; Exame físico (toque rectal, etc); Sedimento urinário; Creatinina; PSA.
Recomendáveis:
· Ultrassonografia; Fluxometria; Resíduo Urinário.
Opcionais:
· Urodinâmica; Urografia Excretora; Uretrocistografia; Endoscopia;
· Outras
Abordagem em MTC
Em MTC, os sintomas e sinais da HBP enquadram‐se
largamente nas categorias
pré‐modernas de bloqueio urinário gotejante (long Bi) e numa extensão menor em essência gotejante (jing long) ou
essência túrbida. Contudo,
estas duas ultimas
categorias de doença são caracterizadas por uma descarga leitosa do
pénis, um sintoma mais associado á prostatite do que efetivamente á HBP, sendo que o bloqueio urinário
gotejante é a categoria mais relevante no enquadramento da HBP em MTC.
A categoria pré‐moderna de bloqueio urinário
gotejante foi primeiramente mencionada no Imperador
Amarelo que, em muitas passagens nos
dá pistas para a análise desta condição. Por exemplo, no capítulo 25 do Su Wen pode‐se ler: “Inibição da bexiga leva
ao gotejar” e o capítulo 65 do Su Wen
diz que: “Quando a bexiga está afectada,
irá haver bloqueio urinário.” O bloqueio urinário gotejante é acompanhado de urina escassa
e gotejamento urinário
ligeiro em casos menos graves mas, em casos severos
há um bloqueio urinário completo.
Apesar de as duas condições partilharem os mesmos sintomas – inibição e dificuldade urinaria, o gotejar e o bloqueio urinário eram inicialmente considerados patologias distintas mas com o passar do tempo, os médicos aperceberam‐se da estreita relação entre as duas condições e passaram a discuti‐las sob o mesmo ponto de vista. O bloqueio (Bi) e no gotejar (long) da essência, diferem sobretudo no grau de falha na transformação do Qi por parte da bexiga e TA.
Analisadas separadamente, o gotejamento da essência é uma condição
relativamente ligeira que não requer atenção imediata,
sendo caracterizada por micção inibida
e escassa e ligeiro gotejamento urinário. O bloqueio
urinário é uma condição mais severa, incluindo
sintomas como o gotejar e retenção urinária. Apesar das semelhanças clínicas a nível de sintomas,
esta diferenciação torna‐se
útil, como modelo conceptual e no tratamento
destes pacientes.
Causas
·
Deficiência de Yang do Rim
·
Deficiência de Yin do Rim
·
Estagnação e estase a obstruir as vias urinárias
·
Calor no Pulmão e congestão
· Calor húmido no Aquecedor inferior
· Depressão do Fígado e estagnação do Qi
·
Depressão do Qi Cental
Princípios gerais de tratamento
Existem alguns princípios terapêuticos gerais em MTC que também se aplicam
neste quadro.
·
Revigorar o sangue e remover a estase, transformar a fleuma e amolecer
o “duro”
Pela medicina alopática, sabe‐se que os sintomas
experienciados por estes pacientes
devem‐se á hiperplasia da próstata uretral
que bloqueia o fluxo urinário.
O exame do toque rectal ou outros procedimentos
de diagnóstico evidenciam um aumento do tamanho e da dureza da próstata, concluindo‐se aqui que a estase, fleuma
e a agregação estão presentes. De acordo com este diagnóstico, pode‐se adicionar
matéria médica específica direccionada a estes
sintomas:
·
“Tratar o Alto (Aquecedor superior) para doenças
do Baixo (Aquecedor inferior)”
Este princípio de tratar o alto para doenças do baixo
aplica‐se a esta patologia.
“Quando se quer fazer descer, primeiro fazer ascender”
Este método de tratamento envolve o uso de matéria médica que faz subir o Qi do aquecedor central para promover a suave descida das “águas”.
Tratamentos externos
Banhos
de assento:
Banhos de assento
quentes diários tanto em apenas água como usando
uma solução medicinal, são geralmente recomendados para a prevenção e tratamento da HBP. Pode‐se
usar, para os banhos de assento, as
prescrições internas fervidas três vezes ou, usar umas das seguintes prescrições:
- Fazer banhos de assentos em água
quente durante 30 minutos, 2‐ 3 vezes
por dia. Este banho é usado em todos os tipos de HBP, no entanto, deve ser evitado por pacientes com problemas de fertilidade, uma vez que quando os testículos são aquecidos, os espermatogénese e a vitalidade do esperma são prejudicadas.
Compressa umbilical
para bloqueio urinário:
§ Da Suan (Alli Sativi Bulbus),
3 dentes
§ Shan Zhi Zi (Gardeniae Fructus), 3 peças
§ Mang Xiao (Natrii Sulfas), 3g
Terapia de compressas quentes
para bloqueio urinário.
Colocar 250g de sal – previamente aquecido numa
frigideira – dentro de um saco de pano e colocar no abdómen inferior
do paciente. Voltar
a aquecer e reutilizar se necessário.
Medidas preventivas e mudanças nos hábitos de vida
§ Evitar estar sentado
ou andar de bicicleta por longo períodos
de tempo, e evitar reter a
micção
Sentar por
longos períodos de tempo comprime a região perineal e a uretra e pode, desse modo, piorar a obstrução da bexiga. Em
termos de MTC, sentar por longos períodos
de tempo pode piorar a estagnação
de qi, a estase de sangue e mais adiante, obstruir o triplo aquecedor. Os ciclistas devem usar selins especificamente desenhados para reduzir a pressão no períneo. Reter a urina desnecessariamente por longos períodos
de tempo pode também obstruir
a função de transformação do triplo aquecedor, inibir a micção e encorajar
a produção de humidade, fleuma e estase de sangue.
§ Seguir uma dieta ligeira
De um modo
geral, estes pacientes devem seguir uma dieta ligeira e devem evitar ou eliminar sobretudo a ingestão de alimentos
quentes, picantes, doces, fritos,
gorduras, bem como de álcool. Todos estes alimentos geram humidade e calor que prejudicam as funções do Baço‐pâncreas. De facto, o álcool e verdadeiramente prejudicial para a próstata e os homens devem evitar relações sexuais
sob o efeito de álcool.
§ Praticar exercício físico moderada e regularmente
Tendo em vista
o fortalecimento do corpo e encorajamento do livre fluir do Qi, sangue e líquidos orgânicos, exercício físico regular
e moderado é recomendado para todos os pacientes com HBP. Por outro
lado, exercício físico exagerado deve ser evitado de todo, uma vez que pode levar a uma dissipação excessiva do Qi e à falha do triplo aquecedor
na sua função de transformação, encorajando o aparecimento de bloqueio urinário.
§ Evitar o uso de roupa interior
apertada
Quando a roupa
interior aperta demasiado a região genital, todo o Qi, sangue e líquidos orgânicos
movem‐se com dificuldade. Isto leva ao desenvolvimento
ou agravamento de qualquer quadro já presente,
como humidade, fleuma, estagnação de Qi e estase de sangue. Optar pelos “boxers” em detrimento dos “slips”, e evitar produtos
feitos com tecidos sintéticos
e que não deixem a pele respirar. Estes tecidos parecem encorajar o aparecimento de calor e humidade na região genital.
Usar produtos feitos
de algodão em vez
de nylon.
§ Regrar a vida sexual
Evitar ter
relações sexuais sob o efeito de álcool. Evitar a actividade sexual excessiva porque esta pode
danificar o Yin, o Yang e a Essência do
Rim. Contudo, uma actividade sexual regular e moderada ajuda a manter o fluxo de Qi sangue e fluidos na
região genital. A ejaculação ajuda a
drenar a próstata e a prevenir e reduzir a acumulação e a estagnação. Práticas de retenção seminal
são, dum modo geral, não recomendadas a pacientes com HBP
§ Tomar banhos quentes regularmente
Isto encoraja
o movimento suave do Qi, sangue e fluidos na região genital. Esta prática simples é também útil no alivio e
prevenção de sintomas hemorroidais, que frequentemente estão também presentes
nos pacientes com HBP com um quadro de deficiência de Qi do Baço e depressão do Qi central.
Conclusão:
A HBP é uma
realidade à qual o homem não pode fugir, mas pode prevenir. É de todo
aconselhado que o homem faça exercícios e tenha uma vida mais saudável para evitar constrangimentos e cirurgias.
Artigo escrito por John Sanchez, editado e traduzido
por Paula Madeira publicado por Catarina Simões.