Infeccções Sexualmente Transmissíveis





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O que são as ISTs?

As ISTs estão actualmente entre as doenças infecciosas mais comuns no mundo. São doenças infecciosas porque envolvem a transmissão de um agente infeccioso entre parceiros sexuais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou recentemente que há mais de um milhão de casos de infeções sexualmente transmissíveis todos os dias no mundo.

As quatro infeções mais prevalentes entre pessoas com idades entre os 15 e os 49 anos, são: a clamídia, a gonorreia, sífilis e tricomoníase.

Em relação a 2017, os casos de gonorreia subiram 48% (há dois anos foram notificados 656 casos) e os de Chlamydia trachomatis praticamente duplicaram (de 342 para 600). A subida dos casos de sífilis é menos significativa do que em anos anteriores: em 2017 foram notificados 922 casos, com os dados de 2018 a representarem um aumento de 8%. A informação disponibilizada permite concluir que a maioria dos casos são diagnosticados nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Como é que se transmitem?

Dependendo da doença, a infecção pode ser transmitida por qualquer tipo de actividade sexual envolvendo os órgãos sexuais, o ânus ou a boca. Muitas destas infecções também podem ser transmitidas através do contacto com sangue ou outros fluidos corporais infectados. Pessoas que partilham agulhas não esterilizadas (por exemplo, os toxicodependentes) aumentam grandemente a probabilidade de transmitirem muitos tipos de doenças, incluindo as ISTs, a outras pessoas.

Algumas doenças não são consideradas oficialmente ISTs (por exemplo, a Hepatite A, C e E), mas é conhecido que podem ser transmitidas através do acto sexual. Consequentemente alguns autores classificam-nas como ISTs, outros não. Por isto as listas de ISTs podem variar, dependendo se a IST é usualmente transmitida pelo acto sexual, ou apenas ocasionalmente.


Tem-se notado um aumento de casos de ISTs nos últimos anos. Isto é facto parcialmente porque as pessoas estão a tornar-se sexualmente activas cada vez mais novas, porque têm múltiplos parceiros sexuais e porque não usam métodos preventivos que baixam drasticamente a probabilidade de adquirirem uma IST.

Um indivíduo infectado pode transmitir uma IST mesmo não apresentando sintomas de qualquer tipo. Frequentemente a IST pode estar presente sem causar sintomas, especialmente em mulheres (por exemplo, Clamídia, Herpes Genial ou Gonorreia).


Muitas ISTs podem ser transmitidas da mãe para o filho antes, durante ou imediatamente a seguir ao parto.

Porque o método de transmissão das ISTs é semelhante em todas elas, geralmente um indivíduo é infectado por mais do que um microorganismo patogénico durante o mesmo contacto sexual. Por exemplo, cerca de 50% das pessoas que contraem Gonorreia, também são infectadas por Clamídia.

Quais as causas das ISTs?

Dependendo da doença, as ISTs podem ser transmitidas mediante após qualquer tipo de actividade sexual. Estas infecções são frequentemente causadas por vírus e bactérias. A lista que se segue enumera as ISTs mais comuns, a sua causa e outras infecções que podem ser transmitidas na ocasião do contacto sexual, mas que frequentemente não são consideradas ISTs primárias por muitos investigadores.

I - ISTs causadas por bactéria:
 
1 - Cancróide ou Cancro Mole (Haemophilus ducreyi)
2 - Clamídia (Chamydia trachomatis)
3 - Gonorreia ou Blenorragia (Neisseria gonorrhea)
4 - Granuloma Inguinal (Calymmatobacterium granulomatis, Klebsiella granulomatis)
5 - Sífilis (Treponema pallidum)

II - ISTs causadas por vírus:
1 - Herpes Genital (herpes simplex virus)
2 – Condiloma Acuminado (Vírus do Papiloma Humano – VPH)
3 - Hepatite B
5 - Vírus do Molusco (Molluscum contagiosum)
4 – VIH/SIDA (Vírus da Imunodeficiência Humana)

III - ISTs causadas por protozoários:
1 – Tricomoníase Genital (Trichomonas vaginalis)

IV - ISTs causadas por fungos:
1 - Candidíase (Candida albicans)

V - ISTs causadas por parasitas:
1 – Pediculose do Púbis (Pthirus pubis)

Consequências das ISTDs

Os problemas de saúde e as consequências a longo termo das ISTs são tendencialmente mais severas nas mulheres do que nos homens. Algumas destas infeções, se não forem tratadas a tempo, podem provocar doenças ou complicações graves como por exemplo cancro do colo do útero, do pénis ou do ânus, doença inflamatória pélvica (DIP), que pode originar um Abcesso Tubo Ovariano, que por sua vez pode levar a lesões dos órgãos reprodutivos. Estas lesões são frequentemente causa de gravidez ectópica, de infertilidade ou mesmo de morte da mulher. Por exemplo, o vírus do Papiloma Humano é um conhecido causador do cancro do colo do útero. Também podemos ter infertilidade, orquite (doença dos testículos), epididimite (doença do epidídimo).
Nas mulheres grávidas, algumas IST`s podem passar para o feto e provocar malformações graves, aborto, parto prematuro ou doença no recém-nascido.
O diagnóstico e tratamento no início da infeção são fundamentais, para a cura sem complicações.

As ISTs vistas à luz da Medicina Tradicional Chinesa

A Medicina Tradicional Chinesa atribui a causa das ISTs aos factores patológicos externos, o Vento, o Frio, a Humidade, o Calor, a Secura, e o Fogo. Além dos factores externos a força do Qi Correcto é fundamental, pois permitirá ou não a entrada dos factores externos no organismo.

Algumas destas doenças foram já vistas à luz da MTC e existem padrões de desarmonia reconhecidos e bem estudados. De qualquer forma, o método de diagnóstico diferencial da MTC permite-nos, quando bem realizado, chegar sempre a um diagnóstico, consequente diferenciação de síndromes, princípios terapêuticos e a um correcto tratamento da desarmonia do paciente.

De seguida apresentam-se os vários padrões de desarmonia atribuídos a algumas das ISTs discutidas anteriormente.

1 - Gonorreia
Principais síndromes associadas:
• Invasão do Aquecedor Inferior por Humidade-Calor;
• Excesso de Calor no Coração;
• Deficiência do Baço com acúmulo de Humidade;
• Estagnação de Qi e Sangue no Aquecedor Inferior;
• Deficiência da Essência;
• Deficiência de Yang;
• Calor-Humidade do Fígado e Vesícula Biliar;




2 – Sífilis
Principais síndromes associadas:
Estágio I da doença:
• Calor-Tóxico que invade o Pulmão e o Baço-Pâncreas;
• Calor-Humidade a obstruir o meridiano do Fígado;
Estágio II da doença:
• Calor-Tóxico no Sangue;
• Calor Tóxico nos Tendões e Ossos;
Estágio III da Doença:
• Deficiência de Yin do Rim e Fígado (terceiro estágio)
• Deficiência de Yang do Rim e do Coração




3 - Condiloma Acuminado (Vírus do Papiloma Humano – VPH)
Principais síndromes associadas:
• Humidade Calor no Aquecedor Inferior;
• Deficiência de Yin com estagnação do túrbido;
• Deficiência do Qi do Baço-Pâncreas;




4 – Herpes Genital (Herpes simplex)
Principais síndromes associadas:
Estágio inicial da infecção:
• Invasão externa por Humidade-Calor Tóxico;
Surtos subsequentes:
• Calor-Interno latente, despoletado por deficiência do Qi Correcto e/ou por Humidade-Calor do interior.






Estes foram alguns exemplos de como os padrões nas ISTs podem variar, desde invasões externas, a deficiências internas que podem “assistir” as invasões externas e desenvolver padrões que se identificam com as ISTs.

A grande vantagem da MTC é a de que o seu método de diagnóstico permite ao especialista diagnosticar e diferenciar a doença e a síndrome. Mesmo que não haja conhecimento prévio de como a doença de manifesta ou se desenvolve, o especialista de MTC consegue sempre a diferenciação da síndrome ou síndromes, o que lhe permite construir não só um princípio de tratamento mas também, uma estratégia de tratamento do paciente, prevendo os possíveis desenvolvimentos da doença.
   
Conclusão

É sempre melhor prevenir que remediar. E a melhor forma de o fazer é usando preservativo ou abstenção sexual.

Quando iniciara uma nova relação faça um teste as DST´s para haver clareza.

A melhor maneira de permanecer segura é ser sincero. Falar abertamente com seu parceiro e nunca ser pressionado a nada se não sentir que o deve fazer.

Aproveite a vida...


Imagens:
https://4570book.info/sexually-transmitted-disease-clipart/sexually-transmitted-disease-clipart-zimbabwe-govt-39refuses39-to-treat-stis-in-underaged-girls-disease-clipart-transmitted-sexually/

Artigo escrito por Rui Rodrigues para a cadeira de Ginecologia e Andrologia do 5º ano da ESMTC, traduzido por Paula Madeira, editado por Jorge Ribeiro

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