Diminuição da Libido nos homens



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 Num sentido estrito, Libido é um termo proveniente do latim ´libudus’ (desejo, apetite) e que é usado para descrever o impulso sexual (sex drive) ou o desejo por atividades do foro sexual. Por outras palavras, a Libido é a força através da qual o desejo sexual e a própria sexualidade se manifestam.

A Libido foi inicialmente referida como tendo uma origem fundamentalmente biológica, sendo considerada uma força importante na evolução e seleção natural de Darwin, no qual a Libido  confere o propósito evolutivo, impelindo as espécies a procriar e passar o material genético às gerações seguintes. Deste modo as espécies sofrem alterações no seus ciclos hormonais, o que condiciona ou promove a sua recetividade aos instintos sexuais.

Nesta visão puramente biológica, qualquer mecanismo que potencie o ato sexual durante o período fértil das fêmeas (das várias espécies) constitui uma vantagem, aumentando as hipóteses de conceção.


Na espécie humana o mesmo sucede, sendo que, num nível puramente biológico,  o ciclo menstrual influencia a Libido da mulher (e a atracão por parte do homem), através da segregação de hormonas femininas (estrogénio) e masculinas (testosterona). Desta forma, no seu período fértil, a mulher tem um desejo sexual mais elevado, o que promove a procriação.

No entanto, nos dias de hoje, com o estudo e considerações da medicina, psicologia e psicanalise, a Libido está associada também a um conjunto de fatores psico-sociais e culturais, para além do seu carácter estritamente biológico.





Sigmund Freud

Considerado por muitos o pai da psicanálise e pioneiro no uso moderno do termo,  Sigmund Freud conferiu à libido um papel central na sua obra. Nos seus primeiros trabalhos, a libido é o impulso vital para a Auto preservação da espécie humana, a energia sexual no sentido estrito, o "impulso" do desejo e do prazer. Mais tarde, em particular na sua obra “Além do Princípio do Prazer” (1920), Freud refere a libido num conceito mais abrangente, como a energia que impulsiona a vida, relacionando-a com o  Eros de Platão. 


Carl G. Jung

Jung foi mais longe do que Freud, ao relacionar a libido  com o universo espiritual e o conceito de prana e Qi da filosofia oriental. 


Fatores que influenciam a libido 

A libido é influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais. 


A base hormonal e neurobiológica do impulso sexual

Biologicamente a libido é governada principalmente pela atividade na via da dopamina meso límbica (área tegumentar ventral e núcleo accumbens). Consequentemente, a dopamina e as aminas relacionadas (principalmente fenetilamina)  que modulam a neuro transmissão da dopamina desempenham um papel crítico na regulação da libido. 


Outros neurotransmissores, neuropeptídeos e hormonas sexuais que afetam o desejo sexual modulando a atividade ou agindo nessa via incluem:

• Testosterona e outros andrógenos

• Estrogénio

• Progesterona

• Ocitocina

• Serotonina

• Norepinefrina

• Acetilcolina


A diminuição da Libido (diminuição do impulso sexual/interesse sexual) pode dever se a uma série de fatores: 

- Baixos níveis de testosterona 

- Medicação (reduz os níveis de testosterona), em particular alguns antidepressivos, antipsicóticos, tensão arterial ( inibidores da ECA e betabloqueadores), analgésicos opióides (morfina, oxicodona), quimioterapia, radioterapia, hormonas usadas para tratar o cancro da próstata, corticosteróides,  alguns medicamentos para o refluxo esofágico, esteróides anabolizantes (que podem ser usados por atletas para aumentar a massa muscular). 

- Depressão. 

-Doenças crónicas – diabetes, doença cardiovascular, obesidade, cancro, HTA,  hipercolesterolemia, doença pulmonar crónica, doença renal crónica, insuficiência hepática e apneia obstrutiva do sono e doenças endócrinas, como o hipotiroidismo.

- Exercício físico exagerado

- Stress e ansiedade

- Dificuldades no relacionamento conjugal

- Idade. 

- Fadiga física e fadiga mental (excesso de trabalho)

- Agressão ambiental, como a exposição prolongada a níveis sonoros elevados ou luz intensa.

- Experiência de abuso sexual, agressão, trauma ou negligência, bem como problemas de imagem corporal e ansiedade sobre o envolvimento em atividades sexuais.

- PTSD (síndrome de stress pós-traumático). 

- Tabaco, álcool e drogas.

- Algumas doenças do foro psiquiátrico.






A diminuição da Libido no homem à luz da Medicina Tradicional Chinesa


Etiologia e patogénese:

A Jing, os rins e o fogo ministerial 

Os rins desempenham um papel essencial no contexto da falta de libido e da testosterona, já que armazenam a essência  e regem o crescimento e a reprodução. 


O governador do Qi e a alma corpórea (Po)

O pulmão, para além de governar o qi, tem uma relação de interdependência com os rins, sendo uma peça essencial no bom funcionamento destes.


O Chong Mai

O vaso maravilhoso Chong mai (mar de sangue) faz a ligação entre o sangue, os rins e o aspecto reprodutor. Usa pontos do meridiana dos rins para subir à cabeça.


As emoções na MTC e a Libido: 

Em particular e neste contexto, o medo afecta o Rim, a preocupação afecta o baço, a tristeza o pulmão, a raiva o fígado e a ansiedade o coração.

Uma vez que o aspecto emocional influencia fortemente a libido e todas as actividades fisiológicas, as emoções têm um papel central na MTC.


O tratamento da diminuição da libido na MTC

Diagnóstico diferencial de síndromes e sintomatologia  


1- Declínio do Fogo Ministerial

2- Deficiência de Yang do Rim

3- Deficiência de Jing

4- Enfraquecimento do Rim devido a medo

5- Deficiência do Chong Mai por Vazio de Qi do Baço Pâncreas e Coração 

6- Deficiência de Qi do Pulmão

7- Estagnação de Qi do Fígado

8- Desarmonia Fígado-Baço/ Pâncreas

9- Estase de Sangue




Conclusões 

Em suma, a diminuição da libido pode ocorrer por inúmeros factores: biológicos, socioculturais e emocionais/mentais. É um universo bastante amplo que , a meu ver, exige uma compreensão holística e abrangente do indivíduo em questão. Cada caso é um caso. É necessário saber receber e observar, para poder agir em conformidade, já que em ultima instância, a resposta sempre se encontrou no inconsciente do indivíduo. Há que resgatá-la , fazê-la aflorar novamente à superfície. Neste sentido, Carl Jung afirmou:  Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. Sendo a lei do Tao ‘ser o que é’, a solução está disponível na Natureza exterior, bem como na Natureza interior.


Trabalho elaborado Por Tiago Estrada, editado e traduzido por Paula Madeira e publicado por Catarina Simões.





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