A mulher e a fase de transição: pré-conceção



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O desenvolvimento feminino desenrola-se numa ordem de acontecimentos fisiológicos que passam pelo nascimento, crescimento, reprodução e morte que, para se realizarem, implicam um conjunto de alterações. A reprodução, marcada por uma ou mais gravidezes, altera tanto o corpo como a mente e por conseguinte a forma como a mulher passa a interagir com o mundo ao seu redor, tornando-se fundamental o apoio que estas mulheres recebem da família, da sociedade e dos profissionais de saúde que as acompanham.


Segundo a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a mulher tem 33 anos para se reproduzir (16-49 anos), contudo a partir dos 35 começam as dificuldades em termos de fertilidade, ou seja, a partir desta idade decresce o Qi digestivo, baixa a produção de Qi e Sangue e o corpo usa mais Jing lesando o rim. Claramente que a análise destes fatos tem importância na decisão em engravidar, mas mais que isto, a determinação e identificação precoce de fatores de risco modificáveis, constitui um passo muito importante para o sucesso de uma gravidez. 


Enquanto fase de transição, a pré-conceção, constitui uma excelente oportunidade para a alteração de estilos de vida e para a exponenciação de competências promotoras da saúde pessoal e familiar. Do ponto de vista fisiopatológico, permite a correção de hábitos nocivos, a prevenção, diagnóstico e tratamento de diversas patologias, possibilitando que a conceção e futura gravidez sejam vivências positivas e equilibradas. 


Perante a decisão de uma futura gravidez, a par do acompanhamento em Medicina Alopática, é importante efetuar uma consulta de MTC especifica em ginecologia a fim da atualização/obtenção informação clínica da mulher e desta forma minimizar ou eliminar risco obstétrico. 

É realizado o acompanhamento que garanta a saúde emocional da mulher. A motivação para uma gravidez deverá ser desencadeada por uma vontade pessoal, livre de pressão social ou familiar, minimizando os riscos de falta de elo materno-fetal e posteriores desconexões emocionais. A mulher pertence ao yin, e como tal é caracterizada por uma forte dose de emocionalidade. 





As hormonas são distribuídas pelo sangue, mas são do domínio do Rim, visto ser este o responsável pelo mar das medulas, morada da hipófise e fonte do controlo hormonal. O útero está ligado ao coração pelo canal do útero (Bao Mai). Desta forma, as alterações hormonais que acontecem no útero e ovários, são expressas pelo coração em termos emocionais. O trio coração, rim e útero formam o cerne da atividade reprodutora, relacionando-se diretamente com o Shen, o espírito, que inclui tanto os níveis espirituais mais elevados como alguns dos aspetos mais estudados do cérebro e sistema nervoso. 

É sabido que a mente exerce um papel muito importante no bem-estar psicológico, assim como, em muitos dos processos fisiológicos que conduzem a uma conceção bem sucedida. O stress emocional pode causar distúrbios no ciclo menstrual, levando à disfunção da hipófise comprometendo o processo de ovulação. 

Nesta sequência, ocorre também o apoio diferenciado na abstinência de consumo de substâncias tóxicas, nomeadamente hábitos tabágicos, consumo de drogas ilícitas e de bebidas alcoólicas e a orientação para que o consumo de cafeína, açucares refinados e alimentos processados seja residual. A mulher deverá adquirir hábitos de exercício físico e meditação, assim como, dar primazia a uma dieta equilibrada em macro e micronutrientes, que nutram o Qi digestivo, o Sangue e o Jing do Rim.


Macro e micronutrientes, obtidos através da alimentação, indispensáveis na fase de pré-conceção: 






Ómega 3:   Crescimento folicular e formação de tecidos

Magnésio: Produção de progesterona e aumento de aporte de sangue no útero

Ferro: Replicação de ADN e maturação do óvulo antes da ovulação

Zinco: Produção de fluído folicular saudável e equilíbrio hormonal - progesterona e estrogénio.

Manganês: Decomposição do estrogénio, quando em excesso

Cobre: Produção de ADN e RNA

Iodo: Biossíntese hormonal da tiroide

Selénio: Prevenção de malformações e aborto espontâneo

Vitamina C: Manutenção da saúde ovárica, formação e maturação folicular e corpo lúteo

Vitamina D: Proteção antioxidante ovárica

Vitamina E: Construção do endométrio, melhorar a ovulação, apoiar a implantação adequada do embrião e redução de riscos de aborto espontâneo

Complexo de vitamina B: Libertação do óvulo e implantação e desenvolvimento do embrião

B1: Ovulação

B2: Metabolismo do estrogénio

B5: Desenvolvimento do feto

B9: Redução do risco de malformação do tubo neuronal, replicação de ADN, redução do risco de infertilidade e maturação do óvulo antes da ovulação

B12: Síntese de ADN e RNA





A mulher não deverá esperar que uma vida cresça dentro de si para se começar a cuidar. Livre-se de preocupações, medos e anseios pela perfeição, durma bem, viva sem stress, coma de forma saudável, cuide do seu corpo, da sua mente e da sua alma. A maternidade acontecerá no momento certo.


Trabalho realizado e traduzido por Sónia Vitorino, editado por Paula Madeira e publicado por Catarina Simões. 




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